Dos clãs às grandes marcas japonesas
Símbolos da Antiguidade conseguem, nos dias de hoje,
estreitar a relação do público-alvo com as empresas
estreitar a relação do público-alvo com as empresas
Os símbolos utilizados no passado para identificar os samurais e a nobreza japonesa mantêm-se vivos no mundo capitalista. Isso porque muitas empresas japonesas utilizaram o kamon (insígnia) de famílias tradicionais do arquipélago para construir suas identificações visuais. O kamon surgiu na época dos guerreiros, como uma forma de identificar os samurais. Eles utilizavam esses símbolos em seus estandartes como uma estratégia de guerra e também para uma rápida identificação no campo de batalha. Na Era Edo, tanto os daimiôs, como os xoguns e a Corte Imperial passaram a concedê-lo às famílias merecedoras, proliferando o seu uso no quimono e em alguns objetos. Com o fim da era dos samurais e a abertura do Japão ao Ocidente, esses símbolos da nobreza passaram a ser utilizados de forma mercantilista. “Com essa abertura, muitas das famílias abastadas foram forçadas a se adaptar às exigências da modernidade, reforçando suas representações pela utilização das insígnias familiares, os kamon, como parte da identidade abalada pelas mudanças. Muitos daqueles que ingressaram no mundo mercantilista utilizaram o kamon nas logomarcas de suas empresas, como forma de preservação da herança cultural”, explica a professora do Centro de Estudos Orientais da PUC, Cecília Saito. Cultura e marketing As empresas japonesas conseguem agregar em suas identificações visuais as conceituadas estratégias de marketing em conjunto com a história e a cultura do arquipélago. “Ao contrário do brasão de armas, os kamon ocupam um lugar estimado entre as artes gráficas do país e suas conotações simbólicas são apreciadas e facilmente identificadas pela sociedade. Devido a isso, o princípio do design gráfico japonês seguiu a tradicional simplicidade do kamon, vindo, mais tarde, a tirar proveito das imagens criadas e manipuladas em computador”, observa o pesquisador do Centro de Pesquisas em Cultura Japonesa de Goiás, Eduardo Araújo de Ávila. Esses símbolos da Antiguidade conseguem, nos dias de hoje, manter uma proximidade com o público-alvo das empresas. “Um dos casos mais conhecidos é o da Mitsubishi: mitsu [três] bishi [diamante], que tem como logomarca a representação de um diamante de três pontas, significando resistência, durabilidade e valor. Na área da indústria alimentícia, cito como exemplo o caso dos pacotes de balinhas japonesas, cujo ideograma umê aparece envolto por um círculo do enigma Zen, que, antigamente, era desenhado em poemas ou em frases para indicar satisfação ou proteção e, dessa forma, transmitir confiança àqueles que adquirem o produto”, comenta Cecília. | |
Uma análise comercial | |
Para entender como efetivamente a sabedoria trazida pela história das famílias japonesas se aplica ao competitivo mercado da atualidade, conheça um pouco mais sobre as marcas japonesas de hoje pela análise realizada pela especialista em marketing Lígia Cristina Fascioni. A pedido do Zashi/Variedades, Lígia analisou cinco marcas de famosas empresas japonesas, utilizando-se de princípios do marketing. Ela explica que a marca gráfica de uma empresa pode ser composta pelo logotipo (o nome da empresa escrito com um tipo de letra específico) e pelo símbolo (desenho que acompanha o nome). Veja mais detalhes: | |
A Panasonic é formada apenas por um logotipo monocromático e de linhas curvas. A elegância da simplicidade permite flexibilidade nas aplicações. Pode-se observar que, mesmo sendo um nome longo, ele é facilmente identificável, por causa da ausência de efeitos gráficos que geram ruído na comunicação. | |
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A Sony também optou pelo uso de um logotipo sem símbolo. As letras com serifa (os acabamento nas pontas) dificultam um pouco a legibilidade, mas, como o nome é curto, não há prejuízo. A empresa também optou pelo uso de uma cor só, o azul, bastante utilizado em tecnologia, por ser uma cor fria, que destaca a racionalidade. | |
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