Período de Yamato (350 a 710)
Até o século III, aproximadamente, o Japão se achava dividido em numerosos países. Destacou-se, entre eles, o de Yamato, que no século IV acabou conquistando quase todo o território do arquipélago. Yamato superou as outras nações porque possuía instrumentos de ferro, enquanto as demais ainda estavam na fase da pedra e do bronze. As suas terras planas e férteis, e sua localização topográfica, que impedia a entrada de invasores, contribuíram também para o seu progresso.
Havia também, naquela época, outras nações fortes que, aos poucos, foram dominadas. Muitas lendas japonesas contam as façanhas dessas grandes conquistas, nas quais surgem o primeiro Imperador, Jinmu, e o Yamato Takeru, o maior herói da antiguidade.
O governo de Yamato adotou o sistema de clã para administrar o país. Clãs eram grupos de famílias consangüíneas que formavam a classe dominante. Cada clã tinha um chefe que representava seu grupo na Corte Imperial, recebendo do Imperador um sobrenome equivalente a um título e um cargo ministerial que era transmitido de pai para filho.
O Império Yamato, com esse sistema político-social estabeleceu a sua força até a península coreana, de onde importou numerosos elementos culturais, como o ideograma chinês, o Confucionismo, o Budismo e as técnicas de artesanato.
No fim do IV século, o sistema de clã começou a causar conflitos políticos e sociais. Foi nessa ocasião que o Príncipe Shotoku tornou-se regente da Imperatriz Shiko, e decidiu abolir esse regime. Estabeleceu, ele 12 categorias de graduação para classificar os méritos e, como base moral dos políticos, decretou um regulamento, conseguindo assim reformar a administração do país.
Meio século depois, surgiu o clã dos Sogas, o mais poderoso, e novos problemas vieram a ameaçar o trono imperial. Todavia, Nakano-oe, o Príncipe herdeiro, e Nakatomi-no Kamatari, seu companheiro, acabaram por aniquilar os Sogas e fizeram a Reforma de Taika. Desde essa época, o Japão passou a ser governado por uma constituição que determinava a coexistência de dois poderes: o executivo e o legislativo.
A unificação dos pequenos países em um grande império se deve aos esforços dos antepassados do atual Imperador. O Império Yamato, como se chamou primeiramente, foi governado pelo soberano Jinmu, que nasceu em Kyushu, de onde se transferiu para a ilha Honshu, para estabelecer o seu domínio.
Para realizar tamanha conquista, o próprio Imperador teve que enfrentar muitas batalhas, O lendário herói Yamato Takeru, citado também nos antigos documentos, prestou memoráveis serviço, a Corte para expandir o seu território.
O vale de Nara, onde se achava estabelecido o Império Yamato, era favorecido pela existência de vias fluviais e pelo seu clima agradável. A terra era fértil e a produção, abundante. Ali o povo do Jinmu aumentou seu poder econômico e militar, motivo que levou a conquistar aos poucos o território principal. Após dominar todos os pequenos estados, tornou-se necessário estabelecer-se um eficiente sistema administrativo. Então, reunindo-se os homens mais poderosos de todas as regiões, foi formada a corte de Yamato, com o poder absoluto nas mãos do Imperador, que a lenda diz ter sido o soberano Jinmu, cuja existência, porém, não pode ser provada como fato histórico.
Depois de conquistar a maioria do território nipônico, o Império Yamato procurou expandir-se no além mar, invadindo a península coreana.
Na Coréia, em fins do século IV d.C., havia três reinados, com os quais Yamato entrou em entendimentos diplomático para tomar posse de Mimana, pequeno estado do sul da península, que ocupou entre 391 a 562.
Através dessa base avançada, os japoneses procuraram importar as novas culturas do continente, a fim de melhorar as condições de vida do arquipélago. Muitos técnicos coreanos vieram para a “Terra das Cerejeiras”. Yamato acolheu fraternalmente esses homens, naturalizando-os e dando-lhes privilégios. Eles muito contribuíram para o desenvolvimento da agricultura, da tecelagem e das manufaturas em geral. Além desses técnicos, muitos intelectuais também vieram beneficiar a política e a sociedade japonesa.
Em várias regiões do Japão encontram-se sepulturas da antiguidade. São túmulos de pessoas nobres, como as pirâmides do Egito.
Antes da formação do Império Yamato não havia separação das classes sociais. Por isso, todos trabalhavam unidos é os mortos também eram sepultados em igualdade. As classes sociais começaram a surgir após o estabelecimento do Império e o seu desenvolvimento.
A partir dessa época, os homens foram divididos em duas categorias: a dominante e a subordinada. Essa discriminação passou também, automaticamente, ao culto dos mortos; os que viviam sob o jugo eram esquecidos para sempre depois de enterrados; mesmo após a morte, os nobres eram lembrados através de túmulos monumentais, onde se oficiavam rituais fúnebres. Desta data em diante, quanto mais nobre e poderoso era o falecido, maior o túmulo onde era sepultado com seus objetos de uso quotidiano. Esse costume durou até o século VI, quando foi substituído pelo da cremação, de origem budista.
Na província de Osaka, encontra-se o maior entre os muitos túmulos descobertos até hoje: o do Imperador Nintoku, que foi construído no 3º século da era cristã. É um amontoado de terra, que forma uma colina artificial, cercado por três canais de largura considerável. O sepulcro é monumental, pois mede 30 metros de altura e ocupa uma área de 150 mil metros quadrados. Segundo o cálculo dos especialistas, 1.000 homens trabalhando diariamente levariam quatro anos para construí-lo.
O Budismo doutrina pregada na Índia por Gothama Shakyamuni, chegou ao Japão através da China e da península coreana.
A introdução oficial do Budismo no Japão data de 538 d.C., quando o rei San Ming, de Pêkché, pequena nação peninsular, enviou uma estátua de Buda e algumas “Sutras” (escrita sagrada do Budismo) ao imperador nipônico, como sinal de confraternização. Entretanto, já antes disso, o Budismo havia se infiltrado através dos imigrantes coreanos, que o praticavam regularmente.
Mas o ato de boa vontade do soberano de Pêkché veio provocar conflitos entre os ministros do Império, pois o Japão possuía já sua religião desde os tempos remotos: o Shintoismo. Embora este fosse politeísta, isto é, acreditasse na existência de numerosos deuses, muitos não queriam trocá-la pela religião budista. Contudo, um outro grupo, de mentalidade mais avançada, queria adotar a religião procedente da Índia por achá-la mais moderna.
Esta foi à origem do choque entre os clãs Soga e Mononobe. Enquanto os Soga eram a favor da aceitação da nova doutrina, os Mononobe se opunham a isso, o que foi causa de sangrentas lutas entre ambos. Dentro dessa confusão, os “sutras” foram destruídos e a imagem de Buda atirada dentro de um rio. Enquanto esse conflito se desenrolava, na corte a família imperial e seus afilhados também discutiam o caso e, finalmente, chegaram à decisão unânime de aceitar o Budismo, que foi considerado uma doutrina benéfica à evolução, sendo superior ao Shintoismo em todos os pontos.
Essa decisão imperial e a vitória dos Sogas contribuíram para a implantação do Budismo, religião de Shakyamuni, no “País do Sol Nascente”.
O Príncipe Shotoku é considerado um dos maiores vultos políticos da história japonesa, pois, além de ser um estadista revolucionário, foi também um homem amante da cultura e da filosofia budista.
Era filho do 31º soberano nipônico, e tomou-se regente no governo de sua tia, a Imperatriz Suiko, nos fins do século VI. Sua atuação política foi o fator determinante do destino do Império nipônico.
Até essa época, a corte de Yamato vinha adotando o sistema de clã para administrar o país. Porém, com o decorrer do tempo, haviam surgido obstáculos dentro da política nacional, causando conflitos e choques. A decadência administrativa impedia o progresso da nação e, naturalmente, a tenção política havia chegado a ponto de explodir. Foi quando surgiu o Príncipe regente.
A primeira providência do Príncipe, ao tomar posse do cargo, foi abolir o sistema de clã, que transmitia cargos oficiais hereditariamente e no lugar deste, adotou um outro regime estabelecendo 12 categorias de graduação oficial, distribuindo-as conforme os méritos e a capacidade de cada indivíduo realmente merecedor, sem nenhuma discriminação familiar.
Na segunda fase, Shotoku elaborou uma constituição a fim de determinar o princípio moral na política e na vida social. A Constituição baseava-se no Confucionismo e no Budismo, cujo fundo moral se resume em: união, harmonia, justiça e dedicação absoluta ao Imperador.
Além da administração interna, o Príncipe não se esqueceu também da política externa. Enviou grupos de emissários à corte chinesa, a fim de estreitar laços de amizade e de lá importar novos elementos culturais. Foi naquela ocasião que muitos monges e intelectuais levaram ao Império Yamato a técnica de fabricação de papéis e tintas, contribuindo para a alfabetização do país.
O Príncipe Shotoku não foi apenas estadista genial. Foi também amante da cultura e profundo seguidor do Budismo. Mandou construir vários templos, entre eles o Horyu-ji, que é considerado o mais antigo do Japão, datando de 607.
Graças ao talento e ao esforço do Príncipe, o desenvolvimento da política e da cultura japonesa tiveram grande impulso.
Com a morte do Príncipe Shotoku, o poder do clã Soga elevou-se rapidamente, chegando a ameaçar até o trono imperial.
Notando esse perigo, o Príncipe herdeiro Nakano-oe planejou um golpe contra aquele clã, no qual tomaram parte Nakatomi-no Kamatari e mais alguns fiéis companheiros, que conseguiram eliminar o chefe dos Soga, quando este apareceu à corte. Com a morte do seu líder, o clã poderoso dissolveu-se rapidamente.
Para evitar que novamente algum outro clã ameaçasse o poder imperial, o Príncipe retirou dos clãs o direito de posse de qualquer propriedade e de gente, reservando-o, com exclusividade, ao Imperador. Este fato se passou em 645 e é conhecido como a Reforma de Taika.
Com o novo regime, as terras e o povo passaram a pertencer ao Imperador. Este, por sua vez, distribuía para cada súdito, as terras antes pertencentes aos clãs. O território nacional foi dividido em várias circunscrições, comarcas e vilas. Foi também promulgada uma legislação tributária.
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