Quadrinistas falam sobre produção de mangás e de roteiros

Érica Awano e Marcelo Cassaro revelam o primeiros passos dos mangás e também dos mangakás

“O quadrinho torna tudo mais divertido. É possível tornar um assunto muito chato em um assunto interessante”, diz  Marcelo Cassaro.
“O quadrinho torna tudo mais divertido. É possível tornar um assunto muito chato em um assunto interessante”, diz Marcelo Cassaro.
Os artistas brasileiros Érica Awano e Marcelo Cassaro, premiados pela ilustração e roteiro (respectivamente) de Holy Avenger no 1º Concurso Internacional de Mangá (2007), ministraram um workshop sobre mangás, no dia 13 de março. No encontro, organizado pelo Departamento Cultural do Consulado Geral do Japão em São Paulo, eles deram dicas sobre a produção e roteirização de histórias além de falar um pouco sobre a profissão e cenário do mundo dos quadrinhos.
Painéis, balões, enquadramento, imagem são elementos fundamentais para a elaboração de um roteiro de história em quadrinhos. Mas, mais do que definições técnicas, o workshop com os desenhistas revelou que o processo de criação de um mangá começa bem antes dos primeiros traços no papel. É preciso conhecer a cultura que envolve a história e o próprio mangá. “No Japão, os temas geralmente acontecem em ambiente escolar, por exemplo. Aqui no Brasil , isso geralmente não vai pra frente”, explica Érica Awano.
Para Cassaro, é possível ir além com a produção de mangás no Brasil. “O quadrinho torna tudo mais divertido. É possível tornar um assunto muito chato em um assunto interessante”, diz. O roteirista lembra ainda que “as coisas mais importantes que nós temos na nossa cultura, que são o futebol e o carnaval, não foram inventados aqui, vieram de fora e o brasileiro pegou e transformou em uma coisa diferente e que é hoje uma coisa maior. Isso deveria ser feito com o mangá também. Não ficar só imitando o que já existe, mas sim tentar fazer algo novo, diferente”.
Sobre a carreira, Érica revela que é uma profissão difícil, então é mais recomendável fazer um curso superior ligado à arte, letras ou comunicação. “É bom buscar cursos que desenvolvam o raciocínio de produção de história porque quadrinho é contar histórias”, diz.
As características culturais do Brasil contribuem para que os jovens sigam as suas paixões. Érica Awano relembra que passado o período de reconstrução do Japão, muitos jovens acabam perdendo o rumo, diante das estruturas rígidas da sociedade japonesa. “Aqui no Brasil não, a gente vai atrás e acredita. Esse é o tipo de coisa que eu acho que no Japão ainda é preciso muito mais coragem por parte da pessoa. Porque aqui a gente faz isso naturalmente”.
Cassaro também compartilha esse ponto de vista. Para ele, apesar de ver no mercado editorial a falta de incentivos, o volume de autores que se interessam pelo mangá vem aumentando e a internet é um bom meio de divulgação. “É mais fácil fazer o mangá e fazer com que as pessoas vejam o seu trabalho. Só é difícil viver de mangá. Mas o normal é que quem gosta de mangá, quem é apaixonado, vai encontrar um jeito de fazer mangá e se puder ele vai ganhar a vida fazendo mangá. E se não puder, vai ganhar a vida de outra forma, mas vai continuar fazendo os seus mangás”, conclui.
O Concurso Internacional de Mangá que os desenhistas participaram em 2007 é realizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão e o prêmio lhes rendeu reconhecimento no mercado. “Foi um susto, nem mesmo a gente esperava que fosse dar em alguma coisa. O que fez diferença é que, por conta desse prêmio, agora já se sabe que têm brasileiros fazendo mangá e isso é reconhecido pelo governo japonês. Muita gente dizia que não se fazia mangá fora do Japão e agora existe essa prova de reconhecimento de um mangá brasileiro”, conta Cassaro. E isso abriu portas para o seu atual trabalho também: “Foi por conta desse prêmio com o Holy Avenger que eu acabei indo para o projeto da Mônica Jovem, que é hoje a revista em quadrinhos mais vendida na América”.

by: Made in Japan

Um comentário:

  1. É muito importante propagar esta notícia de que agora, finalmente agora os brasileiros poderão se expressar na arte do mangá, a responsabilidade de fazer dar certo e de ter incentivos futuros é nossa. A arte de fazer quadrinhos me fascina não só pelo desenho mas pela criatividade de argumentos criado pelos autores, desenhar não é meu forte mas quem desenha me dá fascínio.

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