Morrer por honra - Seppuku

Seppuku (切腹, lit. "cortar o ventre"), vulgarmente conhecido no ocidente por haraquiri ou haraquíri (腹切 ou 腹切り), refere-se ao ritual suicida japonês reservado à classe guerreira, principalmente samurai, em que ocorre o suicídio por esventramento. Surgiu no Japão em meados do século XII generalizando-se até 1868, quando foi oficialmente interdita a sua prática. A palavra haraquíri, embora amplamente conhecida no estrangeiro, é raramente utilizada pelos japoneses que preferem o termo seppuku (composto pelos mesmos caracteres chineses por ordem inversa). O ritual de estripação normalmente fazia parte de uma cerimonia bastante elaborada e executada na frente de espectadores.

O método apropriado de execução consistia num corte (kiru) horizontal na zona do abdómen, abaixo do umbigo (hara), efetuado com um tantōwakizashi ou um simples punhal, partindo do lado esquerdo e cortando-o até ao lado direito, deixando assim as vísceras expostas como forma de mostrar pureza de carácter. Finalmente, se as forças assim o permitissem, era realizado outro corte puxando a lâmina para cima, prolongando o primeiro corte ou iniciando um novo ao meio desse. Terminado o corte, o kaishakunin (介错人) realizava a sua principal função no ritual, a decapitação.
Tratando-se de um processo extremamente lento e doloroso de suicídio, o seppuku foi utilizado como método de demonstrar a coragem, o auto-controle e a forte determinação característicos de um samurai. Como parte do código de honra do bushido, o seppuku era uma prática comum entre os samurais que consideravam a sua vida como uma entrega à honra de morrer gloriosamente, rejeitando cair nas mãos dos seus inimigos, ou como forma de pena de morte frente à desonra por um crime, delito ou por outro motivo que os ignominiassem. Outras razões estavam por detrás destes corajosos atos, como a violação da lei ou o chamado oibara (追腹), no qual o ronin (浪人, "homem onda") após perder o seu daimyo (大名, "senhor feudal") seria compelido à prática do seppuku, exceptuando-se casos em que o seu senhor por escrito impedia tal costume.

Várias circunstâncias podiam levar o samurai a praticar o seppuku:
- Como castigo e forma de recuperar a sua honra pessoal, uma vez que esta foi perdida em alguma atitude indigna do nome da sua família e/ou dos seus ancestrais;


- A fim de evitar ser prisioneiro em campos de batalha, pois entre os samurais era considerada uma desonra render-se ao adversário; assim, preferiam renunciar à vida do que entregar-se aos inimigos. Além disso, a rendição também não era uma boa escolha, pois os presos eram quase sempre torturados e maltratados;


- Num ato de pura lealdade, o samurai chega a matar-se para chamar a atenção ao seu senhor acerca de algo de errado que este esteja a fazer, advertendo-o. Alguns samurais também se suicidavam ao ver o declínio dos seus senhores, ou mesmo quando estes morriam, como forma de acompanhá-los eternamente e seguir o preceito de que um samurai não serve mais que um daymio na sua vida.



Um comentário:

  1. Já sabia, mas acho bastante interessante o pensamento por trás desse ato, acredito que seja uma forma de se redimir bastante bruta, porém extremamente corajosa.

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