Homossexualidade no Japão

Noticias

Uma assembleia distrital em Tóquio se tornou a primeira no Japão a reconhecer a união entre pessoas do mesmo sexo (31/03/2015), um grande avanço para casais homossexuais em um país onde ser abertamente gay ainda é um tabu.
A decisão do distrito de Shibuya, em Tóquio, pode parecer insignificante se comparada com os Estados Unidos, onde o casamento gay só não é legal em 13 Estados, mas a proposta incentivou uma discussão sem precedentes sobre igualdade e pode abrir caminho para medidas similares em outros pontos do Japão.
A comunidade LBGT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) tem sido praticamente invisível no Japão, e as uniões civis legais ainda são um sonho distante. Casais do mesmo sexo costumam não poder alugar apartamentos. (G1)
Os gays são proibidos de doar sangue e casais do mesmo sexo não têm direitos civis de partilha e muitos homossexuais acabam se casando com pessoas do sexo oposto para evitar discriminação.



Relatos



Os japoneses, no geral, adoram usar roupas da moda, se preocupam com o corpo, com a alimentação, usam produtos de beleza, adoram a cor rosa, carregam bolsa a tiracolo e não se incomodam de prender as longas madeixas com presilhas ou tiaras. Agora, imagine um japonês gay. 

Pois é. A indústria voltada a esse mercado não é boba nem nada e hoje fatura horrores com produtos e serviços exclusivos para os gays japoneses. Há de tudo que se possa imaginar somente na capital: salões de beleza, spas, lojas de roupas, de acessórios e, é claro, a indústria pornográfica. Essa sim, a que mais fatura.

Há empresas especializadas em satisfazer o fetiche do cliente (e convenhamos, os japoneses são os reis das fantasias eróticas): há filmes somente com meninos colegiais, com surfistas, gordinhos, musculosos, personagens de animê, samurais etc.

Na vida real, os bares e casas noturnas também não ficam no conservadorismo. Há casas especializadas em todo tipo de cliente: os que têm tara por homens de terno e gravata, por cuecas brancas (o cliente tira a roupa na entrada do bar e, se não tiver com a peça em questão, a casa trata de emprestar uma), por sadomasoquismo, estrangeiros, jovens, velhos e tudo o mais que a imaginação permitir.

Na capital, há três bairros que concentram o comércio gay. Shinjuku Nichome (leia-se nityome) é o mais famoso. Próximo aos 300 metros da rua Naka encontram-se cerca de 480 estabelecimentos como bares, clubes e sex shops. O movimento é diário, mas o pico, claro, é nos finais de semana. 

Os outros bairros são Shimbashi, antigo distrito de gueishas e preferido hoje dos assalariados japoneses de meia idade, e Ueno. Neste último, além de bares voltados para o público urso e da terceira idade, é lá que está a maior sauna do Japão, a 24 Kaikan (há uma filial da casa em Shinjuku e Ueno também).

Os brasileiros gays usufruem de tudo isso e alguns aproveitam para ganhar dinheiro também. “A mais famosa drag queen do Japão era uma brasileira, sem contar os go-go-boys”, conta Juvenal Shintaku, que era freqüentador regular das melhores baladas da capital. “Outro dia fui a uma festa gay e pelo menos 50% do público era brasileiro, talvez porque a DJ era uma brasileira”, fala.

Fora da capital, o agito acontece em cidades com grande concentração de brasileiros. Hamamatsu, na província de Shizuoka, e Nagoya, em Aichi, são sempre palco de festas para o público gay. Sérgio Murata, de 43 anos, de Toyota, é um dos que promove os eventos em Aichi. Há alguns meses ele passou a investir também no público gay e, periodicamente, é o arco-íris que enfeita os convites e a casa. “No começo pensávamos que não iria ter público, mas cada evento chega a receber até 300 pessoas”, finaliza ele. 


Brasileiros dizem que é mais fácil ser gay no Japão.

Longe do Brasil, eles aproveitam para assumir seus relacionamentos.
Alguns brasileiros são casados com estrangeiros que também moram no Japão.
O Japão não é só o paraíso dos eletrônicos. O país também é o refúgio de muitos brasileiros gays que escolhem assumir sua homossexualidade sem ter família, vizinhos ou conhecidos conterrâneos por perto.
Ronaldo, de 34 anos, está há 16 anos no Japão, nunca namorou mulher e sempre achou que no país dos ancestrais iria ter mais liberdade, em todos os sentidos. “Consegui independência e aqui não preciso dar satisfação à sociedade”, fala o rapaz, que prefere não divulgar o sobrenome “para não constranger a família”. 


 Histórias como a de Ronaldo são bastante comuns no Japão. Mesmo o país sendo  aparentemente conservador, os brasileiros garantem que é muito mais fácil viver abertamente a homossexualidade, o que não significa que andem de mãos dadas com seus namorados (é tudo muito discreto). “Os japoneses não se intrometem na vida do outro e, na rua, ninguém olha com cara estranha para você”, explica o jovem. 

Juvenal Shintaku, de 47 anos, dos quais 13 no Japão, concorda com Ronaldo. “A vida do gay no Japão é muito mais fácil do que no Brasil”, afirma. Talvez por isso, sugere ele, é que muitos brasileiros se assumem gays. “Quando cheguei me surpreendi com o número de brasileiros que freqüentava a noite”, diz. 
“Quando cheguei ao Japão achava que eu era o único gay do país. Olha quanta pretensão”, ri Guilherme, de 30 anos, mais conhecido como Kyoichi. 

Ele chegou ao arquipélago há 14 anos. Veio para "sair do armário". “Achava que aqui eu ia ter mais liberdade”, justifica o rapaz, que procura o grande amor da sua vida. “Está difícil. Pode colocar aí que estou procurando um bofe”, brinca.

Apesar da espontaneidade com as palavras, Guilherme diz que é tímido. “Talvez tenha sido por isso que demorei para fazer amizades e conhecer o mundo gay do Japão”, diz ele, que ainda não teve coragem de contar aos pais, que estão no Brasil, a opção sexual. “Acho que não precisa né? Não tem necessidade”, desconversa.

Já o amigo Ronaldo tomou coragem e contou que era gay para parte da família. “Só não falei para meu pai. Será que ele já sabe?”, se questiona. A decisão de expor sua preferência sexual não foi fácil. “Contei primeiro para meus irmãos e, há quatro anos, quando voltei ao Brasil, tive uma conversa franca com minha mãe”, lembra. 


Juvenal, que já foi casado no papel e, inclusive, tem um filho adolescente no Brasil, namora há quatro anos o canadense Vance. Eles já registraram a união no consulado do Canadá e, em breve, o nikkei espera conseguir o passaporte canadense. “A maioria dos brasileiros que conheço não namora conterrâneos. Eles preferem estrangeiros ou japoneses”, atesta ele. 

Ronaldo também está praticamente casado com um colombiano. Eles moram juntos há algum tempo e fazem planos em conjunto. Voltar ao Brasil? “Um dia vou voltar. Só não sei quando”, despista. Já Guilherme não pensa mais no retorno definitivo à terra natal. Ele se naturalizou japonês e, há pouco mais de três anos está “enrolado” com um nativo. Casamento? “Não penso nisso. Namoro já é uma espécie de casamento. Usamos aliança, relógios e até algumas roupas iguais. Precisa mais?”, questiona.

Fonte: Murasasaki.blogspot




Origens

SHUDO, “uma tradição de atos homossexuais estruturada por idade e centrada na pederastia, prevalente na sociedade samurai no período medieval até o fim do século XIX. A palavra é abreviação de wakashudō (若衆道), "O caminho do jovem" ou mais precisamente, "O caminho da juventude" (若 waka) homens (衆 shū). O "dō" (道) é relacionado com a letra chinesa tao, considerada ser o caminho para o despertar. O parceiro mais velho na relação é conhecido como nenja (念者), e o mais novo como wakashū (若衆).

"Embora o termo shudo apareça primeiro no século XVII, foi precedido na tradição homossexual japonesa por relacionamentos amoroso entre bonzes e seus ajudantes, que eram conhecidos como chigo. O suposto lendário fundador do amor masculino no Japão é Kūkai, também conhecido como Kōbō Daishi, o fundador da escola Shingon de pensamentos; que é dito ter levado por toda sua terra natal os ensinamentos do Shingon junto com o ensinamentos do amor masculino (井原西鶴,Ihara Saikaku,et al.). Monte Koya, onde o monastério de Kōbō Daishi ainda é localizado, foi um provérbio do amor masculino até o fim do período pré-moderno.

"Apesar da atribuição do amor masculino a Kūkai, as reais raízes do amor masculino no Japão podem ser traçadas em alguns textos japoneses mais antigos, como na história do século VIII "Kojiki" (事記) e o "Nihon Shoki" (本書紀).

"Os ensinamento do shudo, "O Caminho para a Juventude", entrou na tradição literária e pode ser encontrada em trabalhos como Hagakure (葉隠), "Oculto pelas folhas", e outros manuais de samurai. Shudo em seu aspecto pedagógico, marcial e aristocrático é estreitamente análogo à tradição grega antiga da pederastia.

"A prática foi mantida na alta estima, e estimulada, especialmente dentro da classe samurai. Foi considerada benéfico para a juventude, ensinando virtude, honestidade e a avaliação da beleza. O seu valor foi contrastado com o amor de mulheres, que foi culpado de efeminar homens.

"A maior parte da literatura histórica e fictia do período, louvou a beleza e o valor de meninos fiéis a shudo. O historiador moderno Jun'ichi Iwata redigiu uma lista de 457 tais títulos desde os séculos17os e 18os somente, considerou "um corpo da pedagogia erótica." (Watanabe e Iwata, 1989).

"Com a ascensão de poder e influência da classe mercante, os aspectos da prática de shudo foram adotados pelas classes medianas, e a expressão homoerotico no Japão começou a associar-se mais estreitamente com a viagem de atores kabuki conhecidos como tobiko (飛子), "Meninos voadores," que brilhavam como as prostitutas.

"No período Edo (1600-1868) os atores kabuki (conhecido como onnagata quando desempenhavam papéis femininos) muitas vezes trabalhavam como prostitutas nos bastidores. Os Kagema foram prostitutas masculinas que trabalhavam em bordéis especializados chamados "kagemajaya" (陰間茶屋: casas de chá kagema). Tanto o kagema como os atores kabuki foram muito buscados depois com a sofisticação dos tempos, quem muitas vezes praticava danshoku/nanshoku, ou o amor masculino.

"Começando com a restauração Meiji e a ascensão da influência Ocidental, os valores cristãos começaram a influir na cultura, levando a um declínio rápido de práticas homoeroticas sancionadas até o final dos anos 1800.” 


Fonte: Pfresta.blogspot


2 comentários:

  1. Eu to procurando algum casal gay com descendência que queira ir para o Japão. Eu sou da 3ª geração e quero levar minha namorada pra lá. Podemos fazer uma troca e nos casar.. infelizmente essa é a única forma de irmos para lá. Interessados mandem email:moraes90@hotmail.com.br

    ResponderExcluir
  2. Sabe se casais japoneses homoafetivos podem adotar?

    ResponderExcluir

MAIS POSTAGENS *--*